segunda-feira, 26 de junho de 2017

D. Quixote de la Mancha



Resumo


(Capítulos selecionados) Começando pelo prólogo, extremamente elaborado, onde Miguel de Cervantes, autor de D. Quixote de La Mancha, humildemente afirma seu não-otimismo quanto a recepção da obra, é dito que um legislador chamado Vulgo contribuiu na produção da história, sugerindo algumas sentenças de poetas famosos ou até passagens das Sagradas Escrituras, aconselhando também em ser importante, para passar uma ideia de bom entendedor das letras, que o escritor cite personagens e cenários célebres, notavelmente conhecidos do mundo literário.
O primeiro capítulo apresenta o fidalgo, morador da Mancha, que detinha por volta de 50 anos; possuía um rocim (cavalo fraco) e vivia com a sobrinha, uma ama e um rapaz que auxiliava-os. O fidalgo costumava ler muitos livros de cavalaria, de modo ocasionou que todas as suas futuras desventuras. A leitura incessante de tais histórias lhe causaram a completa perda do juízo, tendo sua imaginação espaço apenas para as aventuras cavaleirescas. Decidiu ser então cavaleiro, montar no seu cavalo, empunhar armas e buscar as costumeiras missões dessa classe. Adotou como nome D. Quixote de la Mancha, e seu cavalo Rocinante. Cismou ainda de possuir uma dama que pudesse chamar de sua, escolhendo para tal Dulcinéia del Toboso.
As primeiras andanças de D. Quixote, à custa de fome e cansaço, lhe fizeram imaginar no lugar de uma pousada haver um castelo, com torres, ponte levadiça e tudo mais que caracterize uma fortaleza. Sua presença ali, dotado de escudo e lança, foi motivo de escárnio para duas moças, que estranharam os modos do fidalgo. O vendeiro da pousada oferece dormitório a D. Quixote, que permanece ainda preocupado em não possuir o título de cavaleiro. O vendeiro tratou do ritual de ordená-lo cavaleiro, acelerando o processo devido a confusões que D. Quixote armou com outros homens durante a falsa celebração de nomeação.
Houve quem tentasse impedir essas alucinações de D. Quixote. No capítulo 7, a ama, o cura e o barbeiro têm a ideia de queimar os livros que tanto incutiram nele os desejos de se fazer cavaleiro; chegaram mesmo a emparedar o cômodo onde ficavam os livros, tudo para D. Quixote não avistá-los. Na elaboração de uma história que explicasse o sumiço dos livros, disseram que um feiticeiro, de nome Frestão, causou aquilo. Após dias sem ação, D. Quixote resolve convidar seu vizinho Sancho Pança a ser seu escudeiro, prometendo-lhe como recompensa uma ilha e o governo dela. Numa noite, sem despedirem-se de ninguém, partem atrás de seu objetivo incerto.
Um dos eventos mais emblemáticos da aventura de D. Quixote e Sancho Pança ocorre no capítulo 8, na "batalha" entre o fidalgo que se imagina cavaleiro e os "gigantes", que não passam de moinhos de ventos! Num ataque mal-sucedido, uma das pás do moinho arremessa D. Quixote e seu Rocinante a metros de distância. A culpa pela "mutação" dos moinhos recai sobre o feiticeiro Frestão, que o fidalgo tem agora por inimigo. Após o ocorrido, há um período de descanso dos dois aventureiros, e posteriormente investem numa nova confusão, quando avistam pela estrada dois frades, seguidos por alguns homens e uma senhora carregada numa carruagem. D. Quixote acredita haver no interior do veículo princesas mantidas prisioneiras. Iniciada a pancadaria, Sancho Pança primeiro trata de recolher os objetos e vestimentas do frade agredido por seu amo. Sancho é pego desprevenido e apanha dos outros rapazes que acompanhavam os frades. Pedindo D. Quixote a moça da carruagem que contasse daquele resgate ali feito a pessoa de Dulcinéia del Toboso, é instado por um escudeiro da comitiva a desimpedir o caminho. Após uma troca de ofensas, os dois enfrentam-se. D. Quixote, só de escudo, parte pra cima do oponente, equipado de uma almofada, que servia de defesa. O fidalgo rogava durante o combate por algum apoio da imagem de Dulcinéia; o outro, mergulhado em raiva pelo desafiante, era amparado pelas súplicas das mulheres da carruagem. A conclusão do embate é narrado no capítulo seguinte (não solicitado no plano de leitura).
No capítulo 20, receosos diante de uma floresta escura e fonte de barulhos estranhos, D. Quixote e Sancho Pança ficam estáticos, e após um discurso motivacional, o fidalgo pede a seu escudeiro três dias de espera; pelo contrário, que se dirija a Dulcinéia del Toboso e relate sua bravura até ali. Sancho desesperasse, e numa tentativa de impedir a partida de seu amo, amarra as patas do Rocinate. Adiada a viagem de D. Quixote, este pede que Sancho lhe entretenha contando uma história (hilariamente confusa). O humor neste capítulo é evidente, como nas tentativas de Sancho em não perturbar D. Quixote com o cheiro e barulho de suas "necessidades naturais".
No dia seguinte, já liberto o Rocinante de suas amarras, D. Quixote monta no cavalo e repete o dito da noite anterior; Sancho desaba em choro, mas decidi por seguir o amo. Aproximando-se do local que os assustara na noite anterior, o barulho que tanto os preocupava parecia vir de uma casa próxima dali; D. Quixote emudeceu, enquanto Sancho Pança continha o riso da causa do pânico: eram seis maços de pisão (espécie de máquina de costura). D Quixote repreende Sancho após as galhofas do mal-entendido. Estendesse o discurso em exemplos de boa conduta dos escudeiros de famosas histórias.
Sob a alcunha de Cid Hamete Benengeli, suposto historiador que tomou conhecimento de D. Quixote e suas aventuras, o narrador relata no capítulo 22 a situação em que o cavaleiro e seu escudeiro imaginam estar diante de prisioneiros do Rei; doze homens presos pelo pescoço, sob a vista de dois a cavalo e outros dois a pé. Jurando auxílio aos miseráveis, D. Quixote toma ciência de serem os prisioneiros condenados às galés. Após ouvir o relato e a causa da condenação de cada um dos detidos, D. Quixote impede a agressão que um iria receber, acrescentando um discurso em defesa daqueles homens. Começa a confusão; no meio da briga entre D. Quixote e os guardas da diligência, os prisioneiros conseguem se libertar. Pede o fidalgo que os libertos se dirijam a Toboso e falem a Dulcinéia de sua proeza; uma chuva de pedras foi a resposta daquele pedido. D. Quixote e Sancha acabam tendo suas coisas roubadas, além de serem brutalmente agredidos (o mesmo acontece a Rocinante e o jumento de Sancho).
No capítulo 29, os conhecidos de D. Quixote (Dorotéia, o barbeiro, o cura) tramam uma cena para reavivar a autoestima do fidalgo cavaleiro, pois este se encontrava num abatimento deplorável. Dorotéia ornou-se como uma fictícia dama. Sancho encanta-se por ela, e é, levado a crer estar a moça a procura dos serviços cavaleirescos de D. Quixote. Após procurá-lo, encontram-no entre uns rochedos. A fajuta história de Dorotéia para motivar D. Quixote funciona, e Sancho, entusiasta da empresa, incita o amo a partir nessa nova aventura.
O capítulo 30 dá prosseguimento a mentira de Dorotéia, que faz com que D. Quixote ajoelhe-se perante ela, prometendo readquirir o reino que a pertencia e derrotar o usurpador de tal. Sancho, implorando por este matrimônio, acaba que ferindo o orgulho de seu amo, ao este titubear diante deste destino. D. Quixote agride Sancho e dá a entender que tudo pelo que está passando, só é possível pelo seu pensamento permanente em Dulcinéia. Os dois "lavam a roupa suja" e fazem as pazes. Retomada a caminhada, Sancho avista seu jumento, que havia sido roubado. Ginez de Passamonte, o ladrão, empreende fuga. Conversando entre si, o cura e Dorotéia falam da disposição de D. Quixote em até ali acreditar nas histórias de cavalaria que norteiam suas andanças.
No capítulo 38, D. Quixote discursa sobre as armas e as letras, com os letrados e os soldados sendo comparados em cada uma de suas funções. Conclui no discurso ser o trabalho do soldado maior do que o pagamento; diz também serem as letras que sustentam as leis, que por sua vez sujeita as guerras; as armas, em sua concepção, detêm a honra de garantirem as leis, juntamente como a defesa dos reinos e das cidades. D. Quixote afirma neste discurso seu descontentamento com a artilharia usada nas batalhas, que em sua covardia mecânica abatem os cavaleiros que lutam corajosa e bravamente.
No segundo livro, D. Quixote e Sancho Pança tomam conhecimento de sua "boa" fama; há um título em circulação narrando suas aventuras. A promessa de ser governador de uma ilha parcialmente se realiza para Sancho Pança, que numa armação feita por terceiros, se vê diante de mil súditos que lhe servirão durante uma semana. Sancho, no posto de governador, tem de decidir, mediante decisões responsáveis, o que fazer diante de variadas pendências de seus subordinados. Sancho ainda mantêm contato com sua mulher, Teresa Pança, via correspondências. Não muito tempo depois, abdica do posto de governador.
O fim dessa jornada acontece a partir de uma série de embates entre D. Quixote e Sansão (que por desejo da sobrinha do fidalgo "Cavaleiro da Triste Figura", de reaver o tio, empreende tal missão). D. Quixote, numa aposta onde caso fosse derrotado retornaria para casa, acaba vencido por Sansão. Convicto de estar curado da insanidade de ser um cavaleiro, decide por abandonar as armas. Já a beira da morte, deixa para seus próximos tudo o que tinha, e para Sancho Pança, a saudade de seu amor.

Citação


- A aventura vai encaminhando os nossos negócios melhor do que o soubemos desejar; porque, vês ali, amigo Sancho Pança, onde se descobrem trinta ou mais desaforados gigantes, com quem penso fazer batalha e tirar-lhes a todos as vidas, e com cujos despojos começaremos a enriquecer; que esta é boa guerra, e bom serviço faz Deus quem tira tão má raça da face da terra.

- Quais gigantes? - disse Sancho Pança.

- Aqueles que ali vês - respondeu o amo - de braços tão compridos, que alguns os têm de quase duas léguas.

- Olhe bem Vossa Mercê - disse o escudeiro - que aquilo não são gigantes, são moinhos de vento; e os que parecem braços não são senão as velas, que tocadas do vento fazem trabalhar as mós.

- Bem se vê - respondeu D. Quixote - que não andas corrente nisto das aventuras; são gigantes, são; e, se tens medo, tira-te daí, e põe-te em oração enquanto eu vou entrar com eles em fera e desigual batalha.
Livro 1 - Capítulo VIII



Curiosidades


- A difícil vida de Miguel de Cervantes confundisse com a de D. Quixote; de fato, o autor do livro precisou escrever uma continuação para arrecadar dinheiro e sobreviver.
- Pra quem é fã de Chaves, há uma versão do Roberto Bolaños para as aventuras de D. Quixote e Sancho Pança. Para assistir, Clique aqui.


Avaliação da obra

Wallace Azambuja

"A história é muito boa. Com o decorrer da trama, pode ser que você se identifique ou odeie a forma com que D. Quixote vê o mundo; a garantia é de que irá achar o livro engraçado em diversos capítulos, principalmente nos momentos onde há brigas e desentendimentos."



Nicole Roza Mello

"Adorei a história, fiquei com pena do cavaleiro em alguns momentos, afinal não se pode culpar um louco por sua loucura. Em alguns momentos do livro me cansei, pois sua aventura parece interminável, de forma que quando para que ele irá descansar (e eu também) aparece mais outras e outras aventuras para nos fisgar ao texto mais ainda."


Renan Hoffmann

"É uma história bem legal, mas digamos que é um pouco cansativa, pois tu espera muito pelo final, mas ele nunca chega, te envolve, mas ao mesmo tempo te distancia da leitura". 

Larissa Parodi

"A história é interessante, porém muitas vezes cansativa. Gostei da relação de amizade entre Quixote e Sancho, porque é como se Sancho fosse um guia para Quixote, a parte lúcida, sempre tentando trazê-lo de volta a realidade, mas nunca dizendo que ele era louco de fato."


domingo, 25 de junho de 2017

Lancelot, o cavaleiro da charrete




Resumo

O livro conta a história de Lancelot, com suas grandes aventuras por conta de seu amor exagerado a Rainha de seu reino. Sir Gawain sai em nome do rei, sendo seu sobrinho, em busca da rainha, que foi levada embora, Lancelot aparece já no início de sua jornada. Gritando com um anão sobre o local onde a rainha se encontra, este está dirigindo uma charrete, e convida Lancelot a entrar nela para saber mais do paradeiro da rainha. Lancelot entra a contra gosto, já que charretes naquele tempo, normalmente transportavam ladrões, e Lancelot não o era, na verdade, era um bravo cavaleiro.
Ao longo do livro, Lancelot, comprova sua bravura em suas aventuras, sendo sempre desafiado e rebaixado por conta de ter entrado na charrete, sendo chamado de 'O cavaleiro da charrete'.
Por onde passava deixava seu rastro com orgulho, sempre mantendo o foco de salvar a rainha. Nenhum desafio o fazia recuar ou parar, avançando ao seu objetivo, deixando admiradores e inimigos derrotados para trás. Uma de suas grandes aventuras, foi atravessar uma ponte de espada afiada, com leões no meio do caminho. Mas como sempre, Lancelot foi vitorioso em sua jornada.
Ao final do livro ele chega em seu destino, onde pretende guerrear pela rainha. E claro que vence, tendo assim, o aval para levá-la de volta, juntamente a outros prisioneiros daquela terra. No entanto ela não aceita voltar com o cavaleiro, determinada a esperar por Gawain. Que ainda não havia chegado.
Lancelot se organiza para ir atrás de Gawain, no entanto, no caminho, sofre uma emboscada, e é levado embora. Já perto do final do livro, Lancelot se aventura mais algumas vezes. Sendo ganhador de um torneio de cavaleiros, ele termina por ser preso recebendo poucos alimentos. Um fim trágico para o nosso bravo cavaleiro!



Citações

" A rainha zomba em segredo do que ouve dizer ao redor. Sabe que nem por todo o ouro da Arábia, se o oferecessem, ele não tomaria a melhor de todas as damizelas, nem a mais bela nem a mais formosa, esse cavaleiro que a todos apraz. Em uma única cousa todos estão de acordo:cada qual gostaria de o ter"




Curiosidades

- Livro escrito no século XII, por Chrétien de Troyes;
- Lancelot aparece na série Once Upon a Time, sendo interpretado pelo ator Sinqua Walls.





Avaliação da obra

Nicole Roza Mello

"O livro possui grandes aventuras, possui uma história envolvente, mas no entanto cansativa em certos pontos, pois quando você acha que as aventuras acabam e que o cavaleiro poderá descansar, ai é que vem mais e mais aventuras. Ao final do livro, fiquei extremamente surpresa com o descaso da rainha quanto ao seu salvamento feito por Lancelot, talvez por ter acompanhado os maus bocados pelos quais o cavaleiro teve de passar."

Wallace Azambuja

"A história de Lancelot é típica dos romances de cavalaria, mas possui algumas peculiaridades que me chamaram a atenção; fiquei imaginando o cavaleiro andando sobre uma ponte de lâminas afiadas (com os pés descalços!). Por causa de um enredo deste formato que Miguel de Cervantes deve ter tido a fama de acabar com o "sonho cavaleiresco".

Renan Hoffmann

"Achei uma história bem interessante, um cara que sempre quer ser o centro de tudo, muito positivo também, sempre vendo que tudo vai dar certo, que tudo está ao seu favor . Sempre se achando o vitorioso, que de fato é, pois ganha sempre, fazendo com que seu ego aumente. De fato é uma leitura muito boa para se fazer e refletir em tudo que ele faz para ter a Rainha, e por ser de aventura  algo que gostei muito, pois descreve bem as batalhas e a busca pela a Rainha". 

Larissa Parodi

"Não gostei muito dessa leitura, mas não é porque não seja boa, e sim porque não sou acostumada a ler romances de cavalaria, prefiro outros tipos de leitura. Mas pra quem gosta, certamente é uma ótima história, onde o leitor pode se imaginar nas aventuras junto com Lancelot."









sábado, 24 de junho de 2017

Inferno (A Divina Comédia)


Resumo


Guiado pelo poeta latino Virgílio, Dante Alighieri concede sua própria imagem ao protagonista do poema para percorrer os caminhos que formam o Inferno, primeiro de três cenários que compõem "A Divina Comédia". Através da narrativa que descreve o local e dos acontecimentos que Dante ali presencia, pode despontar uma primeira impressão - à quem lê dando atenção a biografia e formação teológica de Alighieri - da presença de crítica do autor ao comportamento humano (no viés pecaminoso da conduta anti-cristã); por outro lado, vê-se também a possibilidade do poema ser um ascenso de talento particular do artista, promovendo a obra ao patamar ambíguo de retaliação social escrita, com aspectos homéricos de poesia.
O Inferno que Dante é induzido a explorar (mediante o argumento decisivo dito por Virgílio, que será substituído por Beatriz, amada de Dante, ao atingir o Paraíso) é uma exposição das agruras humanas, causadas pela desobediência aos preceitos sagrados e adesão aos pecados capitais. Composto de nove círculos concêntricos, cada nível do Inferno salta aos olhos do protagonista e seu guia com imagens de sofrimento e castigo.
No trajeto inicial, antes de adentrarem pelos círculos, Dante e Virgílio se vêem diante de corpos indecisos, ignotos em seu próprio estado - como em vida - ao não optarem pela religião, ou pela má, boa conduta, no desdém do arbítrio. A figura papal de Celestino V está presente também, punida pela renúncia ao cargo em vida.
Após um repentino desfalecimento, Dante encontra-se no primeiro círculo - o Limbo. Aí estão pessoas que desconhecem Deus, o Cristianismo, devido ao fato de terem nascido antes mesmo do surgimento da doutrina. Homero, influência de Dante e Virgílio, e um dos poetas clássicos, aparece neste lugar.
Chegando "onde a luz não brilha", Dante e Virgílio passam ao segundo círculo, onde Minos ouvia e decretava a penalidade das almas; o pecado em comum aqui é a ofensa a Deus e também disposição aos vícios - Dido, amante de Eneias na Eneida, de Virgílio, preenche este círculo.
Cérbero, cão de três cabeças, molesta os condenados ao terceiro círculo; ali, onde chove impiedosamente, Dante conversa com Ciacco, conterrâneo seu. Pessoas, como numa espécie de tapete, cobrem o chão, pungidos pela água.
No quarto círculo, Dante é recebido, rispidamente, por Pluto (deus grego da riqueza); isso já mostra o aspecto comum das almas naquele ambiente; pessoas que afeiçoaram-se demais aos bens materiais (papas, novamente aqui) arrastam-se contra a negrura de uma água fervente.
Conduzidos num bote por Flégias, os poetas chegam ao quinto círculo; um lodaçal, repleto de pessoas consumidas pela ira, rodeia o batel; um conhecido de Dante tenta agarrá-lo, sendo enxotado por Virgílio.
Após percorrer o Rio Estige, Dante e Virgílio chegam a Dite, uma cidade dentro do Inferno. Afunilando cada vez mais neste submundo, atravessam os muros dessa cidade e chegam ao sexto círculo, destino dos hereges (contrários a crença cristã. Dante se dispões a ouvir quem ali padece; outros, como Farinata, indagam sobre entes ainda vivos.
Do alto de um despenhadeiro, os viajantes do Inferno identificam o sétimo círculo. No lugar exalava fétido cheiro, vindo do centro abismal. Virgílio explica a Dante a configuração daquele terreno: três círculos subjacentes, cada um destinado a castigos diferentes: violência a Deus, a si próprio (suicídio) e ao próximo. Minotauros, Harpias e um terreno arenoso e ardente, em chamas, são os flagelos, respectivamente. No final do terceiro nível, Dante se depara com muitos condenados oriundos de Florença, sua terra natal.
Transportados por Gerião, criatura alada de face humana, Dante e Virgílio contornam o sétimo círculo; deixados dentro do abismo, de nome Malebolge, notam sua divisão em dez cavidades. Em cada uma a punição alterna, mediante os devidos pecados: na primeira há enganadores e arrumadores de intrigas; na segunda, aduladores; na terceira, ladrões de artefatos religiosos; na quarta, os vates (adivinhos, como Tirésias); na quinta cavidade, são punidos aqueles que praticam corrupção em cargos públicos, além de surrupiadores dos próprios patrões; na sexta parte estão os hipócritas, vestidos em pesadas capas de chumbo, entre eles Caifás, fariseu envolvido na morte de Jesus; na sétima, ladrões são punidos, sofrendo metamorfoses através da picada de serpentes; aqui outros florentinos são identificados por Dante.
No oitavo segmento, Dante encontra Ulisses dentre os maus conselheiros; este conta como morreu, através de um tufão que atingiu sua embarcação.
Na nona cavidade estão pessoas que causaram separações familiares, religiosas e que geraram desordem social. A décima e última parte deste círculo é repleto de falsificadores; dentre os quais alquimistas, os que falsificam moedas e os mentirosos.
Já no centro do abismo, Dante e Virgílio são apoiados por um gigante (Anteu, um dos punidos por Júpiter) para acessá-lo. O círculo final é dividido em quatro, sendo separadas as pessoas conforme o tipo de traição; na Caina, estão traidores da própria família; na Antenora, os traidores da pátria; na Ptolomeia, traidores de amigos; e na Judeca, quem traiu seus protetores.
No centro daquele último reduto de punição, Dante enxerga Lúcifer, criatura horrenda e dotada de três cabeças. De tal forma compondo a aparência sinistra e maculada da besta, pendem, um em cada lado: Bruto, Cássio (assassinos do imperador Julio César) e Judas Iscariotes (o traidor de Jesus Cristo).

Citações


"- 'Oh! Virgílio, tu és aquela fonte
Donde em rio caudal brota a eloquência?'
Falei, curvando vergonhoso a fronte. -

'Ó dos poetas lustre, honra, eminência!
Valham-me o longo estudo, o amor profundo
Com que em teu livro procurei a ciência!

És meu mestre, o modelo sem segundo;
Unicamente és tu que hás-me ensinado;
O belo estilo que honra-me no mundo."
Canto I, versos 79 - 87

"- 'Estão lá dentro dessa flama dira 
Diômedes e Ulisses: em castigo
Sócios são, como outrora hão sido em ira.

'Lá dentro geme o pérfido inimigo,
Inventor do cavalo, que foi porta,
Por onde a Roma veio o início antigo;

'Chora-se a fraude, que Deidamia morta,
Ainda exprobra a Aquiles, ressentida;
Pelo Paládio a pena se suporta'."
Canto XXVI, versos 55 - 63



Curiosidades


- O Inferno descrito na Divina Comédia serviu de inspiração para a criação de diversas pinturas de artistas famosos, como as do italiano Sandro Boticelli (acima) e Paul Gustave Doré.
- Em meados de 2013, foi lançado o livro de ficção Inferno, do escritor Dan Brown; tendo como pano de fundo A Divina Comédia, também em 2016 estreou a produção para o cinemas.

Avaliação da obra


Wallace Azambuja

"Este livro possui algo difícil de explicar; posso dizer que sua leitura me fez imaginar a riqueza de conhecimentos e habilidades do Dante Alighieri em imaginar algo tão assustador como o Inferno descrito, ao mesmo tempo em que nos conduz ao lado dos visitantes do submundo. Ademais, sempre ouvi dizer da importância desta obra, e ao lê-la, compreendi a razão disso."

Renan Hoffmann

"É um livro muito confuso, temos que ter uma leitura bem devagar, pois eu me perdi diversas vezes durante minha leitura, além de ser relacionado a inferno, purgatório, céu e tem como base os sete pegados capitais, acredito que quem já tem um conhecimento bíblico, possui um entendimento melhor no seu primeiro contato, mas claro todos são capazes de fazer uma boa leitura. Acredito por ele ser bem dividido e conter muitas informações que são relevantes para o entendimento, pode parecer mais difícil".

Nicole Roza Mello

"É um livro de difícil leitura, mas que conta uma boa história, é preciso muita paciência para lê-lo, pois é fácil se confundir quanto as coisas que estão sendo narradas."

Larissa Parodi

"É uma obra incrível, de uma riqueza imensa de detalhes e informações. Achei muito geniais as referências usadas por Dante. Porém para ser compreendida em toda sua magnitude a obra demanda tempo e atenção para ser lida."










Eneida


Resumo


Considerado o maior poeta latino, Virgílio, autor da Eneida, fez de seu poema épico a magnum opus do Império Romano de seu tempo. Inspirado por Homero, Virgílio transforma a epopeia num retrato da formação romana. O protagonista da história é Eneias, combatente da Guerra de Troia considerado o segundo mais valoroso guerreiro troiano, atrás apenas de Heitor; seus pais são a deusa Vênus (Afrodite, para os gregos) e Anquises. Com a cidade de Troia ficando em ruínas após os ataques dos gregos, Eneias é aconselhado por sua mãe, Vênus, a deixar a cidade e partir com seu pai, mulher e filho. Creusa, mulher de Eneias, é procurada pelo herói, sem êxito, ficando este responsável pela segurança de seu pai Anquises e de seu filho Ascânio na fuga de Troia. Carregando literalmente seu pai já velho pelas costas, fica prometido ao herói por meio de Júpiter (Zeus, para os gregos) o destino dele de encontrar e ser fundador de Roma.
Os acontecimentos em Troia são narrados posteriormente à fuga de Eneias, quando ele já estava na companhia da rainha de Cartago, Dido; esta apaixona-se pelo herói durante as narrativas dele de suas desesperadas aventuras em busca de uma nova terra. Enquanto caçavam em determinado momento da história, Dido e Eneias acabam que se separando dos companheiros do herói e vão juntos para uma caverna, onde comprazem-se. Eneias se vê obrigado a deixar Cartago e Dido logo que Júpiter lhe conduz a abandonar o lugar e partir para o Lácio, onde se situaria uma "nova Troia".
Antes de chegar ao seu destino, Lácio, Eneias aporta ainda na ilha da Sicília, onde estava enterrado seu pai, que jazia naquelas terras a um ano. Um grande evento acontece em memória de Anquises, com direito a libações, corridas, disputas de arco e flecha, entre outros torneios que visavam tornar esta festividade uma tradição, segundo Eneias, quando este partisse dali e fundasse uma nova Troia; a memória de seu pai seria relembrada a cada ano em seu novo lar.
Eneias tem a oportunidade de ver seu pai no mundo dos mortos, ao solicitá-lo e pedir-lhe conselhos para sua jornada, recebendo ainda vaticínios de Anquises quanto ao futuro no Lácio. Eneias encontra também neste submundo Dido, que ignora-o.
Por fim, Eneias chega ao Lácio, onde o rei Latino lhe propõe a mão de sua filha, Lavínia. Turno, pretendente anterior a Eneias, fica furioso e planeja a destruição do exército troiano de Eneias; ajudado por Netuno, a derrocada do herói é evitada. O embate acaba sendo um duelo apenas entre Eneias e Turno, que termina com a vitória do herói troiano, ajudado por sua mãe Vênus. A morte de Turno se dá por opção de Eneias, quando este observa uma vestimenta de seu amigo Palante nos ombros do agonizante adversário. Detentor das terras prometidas, Eneias se vê enfim encarregado da missão de formar uma nova linhagem gloriosa, que daria origem a Roma.



Citação


"Turno olha humilde, súplice ergue a destra:
'Bem mereço, é teu jus, perdão não peço;
Mas, se de um pai (de Anquises te relembres)
Comove-te a velhice, a Dauno eu rogo
Me entregues, se não vivo, ao menos morto.
Venceste, e viu-me enfim a Itália toda
As palmas levantar: Lavínia é tua; 
Os ódios não requintes.' O acre Eneias
Pára, os olhos volteia, a mão reprime:
Iam-no as preces quase enternecendo, 
Quando o infeliz talim se mostra ao ombro
E a cravação do cingidouro fulge,
Despojos de Palante, a quem menino
Prostrara Turno com letal fereza,
E essa divisa infesta em si trazia.

Da cruel dor no monumento os olhos
Mal embebe, enfuriado o herói vozeia:
'Que! tu me escaparás dos meus com presa!...
Nesta ferida imola-te Palante,
Palante vinga-se em teu ímpio sangue.'
No peito aqui lhe esconde o iroso ferro:
Gelo os órgãos lhe solve, e num gemido
A alma indignada se afundou nas sombras."
Canto XII, versos 904 - 926

Curiosidades



- Por se tratar de um épico poema latino, a Eneida possui divergências na nomenclatura dos deuses, quanto aos mesmos da poesia épica de Homero; por exemplo: a deusa Vênus (nomenclatura romana), em relação a Afrodite (nomenclatura grega).
- Assim como a Odisseia está para a Ilíada, a Eneida retoma os acontecimentos da Guerra de Troia, elucidando alguns eventos não esclarecidos; como o paradeiro de Príamo, rei de Troia, que morreu durante a batalha.


Avaliação da obra

Renan Hoffmann

"É uma obra muito conhecida, e bem comentada, porém é outra obra que achei difícil de ler. São muitos personagens, diversos deuses que de alguma forma precisamos saber suas funções para facilitar mais a leitura. E eu realmente não gosto de ler livros, que contém deuses, semideuses junto com humanos, acho muito confuso, e acaba não sendo recompensador para mim, porque não consigo ter uma interpretação satisfatória".   


Nicole Roza Mello

"Não gostei da obra, pois a leitura é muito complicada, a história que está sendo contada pode até agradar a outros, mas a mim não. Além do tamanho exagerado do livro, possui inúmeras palavras para chegar no final e não dizer nada com nada, pois eu não entendo, pelo menos, só com alguém me explicando o que estava escrito!"


Wallace Azambuja

"Depois que li a Ilíada, de Homero, percebi que tinha de ler a Odisseia e a Eneida pra entender o vínculo dessas obras; compreendi que Virgílio se inspirou muito nas epopeias do poeta grego pra fazer uma que narrasse o mito de fundação de Roma".



Odisseia


Resumo


A Odisseia é uma obra, de autoria do poeta grego Homero,  que relata as agruras enfrentadas por Odisseu (Ulisses, para os romanos), participante da Guerra de Troia, em sua tentativa de retornar para sua casa, em Ítaca. Durante a história, são contados os episódios que envolvem cada parte dos envolvidos na vida de Odisseu, habitantes da terra natal do herói: Penélope, mulher de Odisseu, que é atormentada pela ausência do marido e que sofre com os pretendentes que visam tê-la como sua esposa; Telêmaco, filho de Odisseu, também angustiado pela falta do pai, que mal chegou a conhecer, quando este partiu para a guerra; e seu pai Laerte, rei de ítaca.
São muitos os deuses que surgem no decorrer da aventura (ou desventura) de Odisseu; alguns deles, como Poseidon, tornam o desejo do guerreiro grego de voltar para casa uma tarefa difícil; há a passagem em que Poseidon se enfurece ao ser notificado da cegueira de seu filho, o ciclope Polifemo, por Odisseu, e faz com que este vagueie por mais um tempo longe de sua pátria. As benesses ganhas por Odisseu dos deuses são atribuídas em parte por Atenas (auxiliar de Telêmaco em Ítaca, quando este busca informações do paradeiro do pai), Hermes, mensageiro dos deuses (que informa a ordem de Zeus para Calipso libertar Odisseu de sua ilha, onde passou 7 anos), e Éolo, deus dos ventos (este chega a dar nas mãos de Odisseu um saco com todos os ventos que retardariam a viagem do heroi e seus companheiros, quando estavam partindo da ilha de Eólia; seus companheiros de aventura, no entanto, abrem o saco enquanto Odisseu dormia, causando a turbulência da embarcação e a desesperança do herói.
Os companheiros de Odisseu em sua tentativa de retornar a pátria causam em alguns momentos  a infelicidade de cometerem erros que retardam o sucesso da viagem; na ilha do deus Hélio, por exemplo, estando previsto que se comessem do rebanho dele, um grande mal seria posto em prática, a fome dos homens de Odisseu fez com que eles consumissem a carne dos animais, causando a ira das divindades. Foi após os ventos da tempestade destruírem a embarcação e ocorrer o naufrágio dos tripulantes que Odisseu vai parar na ilha de Calipso, onde ficou 7 anos. Antes da morte, os marinheiros ainda se virão transformados em porcos, quando comeram dos alimentos de Circe, bruxa da ilha Ea (Eana); Odisseu resistiu aos encantos da bruxa, aconselhado por Hermes, mas ficou por 1 ano sob os prazeres que a ilha oferecia. Odisseu nesta parte da história se vê percorrendo até mesmo o Hades, onde se encontra com Tirésias, que vaticina sobre o futuro da viagem do herói.
Com a ajuda de alguns marinheiros, Odisseu consegue retornar para Ítaca. Vestido de mendigo, percorre a ilha e encontra pessoas de sua confiança (Eumeu, pastor, e Euricleia, serva de Odisseu); há uma competição pela mão de Penélope, onde os pretendentes são requisitados a utilizarem o arco de Odisseu; este chega e empunha sua arma, sendo o único capaz de utilizá-la. Telêmaco, já ciente da presença do pai, ajuda-o a matar os pretendentes de sua mãe; a mulher e o pai de Odisseu só acreditam estar diante dele quando este demonstra por meio de lembranças ser quem eles tanto estavam esperando.


Citação


"Tendo ouvido o grito, cada um acorria de um lado,
e, de pé em torno da gruta, indagavam o que o afligia:
‘O quê, Polifemo, tanto te perturba para assim gritares
através da noite imortal e tirar-nos do sono?
 Por certo ninguém quer teus rebanhos contra tua vontade!
Por certo ninguém tenta matar-te com ardil ou violência!’.
A eles, então, do antro falou o poderoso Polifemo:
‘Amigos, Ninguém tenta com ardil, e não com violência’.
Eles, em resposta, falavam as palavras plumadas:
 ‘Se então ninguém a ti, que estás sozinho, violenta,
de modo algum, é possível evitar a doença de Zeus;
mas, tu, faze uma prece ao pai, o senhor Posêidon'".
Canto IX, versos 311 - 322 

Curiosidades


- O episódio da Guerra de Troia, tema central da Ilíada, ressurge com novos fatos na Odisseia, através de narrações feitas por personagens da obra: o Cavalo de Troia, artifício militar usado pelos gregos para adentrar na cidade de Troia, é descrito por Demódoco, quando Odisseu está em Feácia.
- O mesmo Tirésias, tebano que profetiza alguns dos acontecimentos de Édipo Rei, aparece na Odisseia, quando Odisseu vai até o Hades e consulta o vate.

Avaliação da Obra


Wallace Azambuja

"Eu já conhecia uma breve história da Odisseia, pelo fato de ter visto uma adaptação cinematográfica. Em relação a epopeia de Odisseu, vejo que tem muitos aspectos em comum com a Ilíada, outra obra de Homero que li e apreciei. Além de ser uma verdadeira "enciclopédia" do Olimpo, a leitura da Odisseia me proporcionou outra perspectiva dos acontecimentos pós Guerra de Troia."

Renan Hoffmann

" Bom eu achei extremamente difícil essa leitura, infelizmente não consegui compreender muito bem o livro, apenas em sala de aula  que algumas coisas me fizeram sentidos. Acredito que por eu nunca ter tido contato com obras gregas e de guerras como de troia, para mim fica bem difícil essas leituras".



Nicole Roza Mello

"De leitura muito difícil, o livro não me agradou com sua história, pois contos gregos, com os deuses e tals, não são meus favoritos. Agregando assim, mais motivos para eu não querer lê-lo nunca mais."