Resumo
Guiado pelo poeta latino Virgílio, Dante Alighieri concede sua própria imagem ao protagonista do poema para percorrer os caminhos que formam o Inferno, primeiro de três cenários que compõem "A Divina Comédia". Através da narrativa que descreve o local e dos acontecimentos que Dante ali presencia, pode despontar uma primeira impressão - à quem lê dando atenção a biografia e formação teológica de Alighieri - da presença de crítica do autor ao comportamento humano (no viés pecaminoso da conduta anti-cristã); por outro lado, vê-se também a possibilidade do poema ser um ascenso de talento particular do artista, promovendo a obra ao patamar ambíguo de retaliação social escrita, com aspectos homéricos de poesia.
O Inferno que Dante é induzido a explorar (mediante o argumento decisivo dito por Virgílio, que será substituído por Beatriz, amada de Dante, ao atingir o Paraíso) é uma exposição das agruras humanas, causadas pela desobediência aos preceitos sagrados e adesão aos pecados capitais. Composto de nove círculos concêntricos, cada nível do Inferno salta aos olhos do protagonista e seu guia com imagens de sofrimento e castigo.
No trajeto inicial, antes de adentrarem pelos círculos, Dante e Virgílio se vêem diante de corpos indecisos, ignotos em seu próprio estado - como em vida - ao não optarem pela religião, ou pela má, boa conduta, no desdém do arbítrio. A figura papal de Celestino V está presente também, punida pela renúncia ao cargo em vida.
Após um repentino desfalecimento, Dante encontra-se no primeiro círculo - o Limbo. Aí estão pessoas que desconhecem Deus, o Cristianismo, devido ao fato de terem nascido antes mesmo do surgimento da doutrina. Homero, influência de Dante e Virgílio, e um dos poetas clássicos, aparece neste lugar.
Chegando "onde a luz não brilha", Dante e Virgílio passam ao segundo círculo, onde Minos ouvia e decretava a penalidade das almas; o pecado em comum aqui é a ofensa a Deus e também disposição aos vícios - Dido, amante de Eneias na Eneida, de Virgílio, preenche este círculo.
Cérbero, cão de três cabeças, molesta os condenados ao terceiro círculo; ali, onde chove impiedosamente, Dante conversa com Ciacco, conterrâneo seu. Pessoas, como numa espécie de tapete, cobrem o chão, pungidos pela água.
No quarto círculo, Dante é recebido, rispidamente, por Pluto (deus grego da riqueza); isso já mostra o aspecto comum das almas naquele ambiente; pessoas que afeiçoaram-se demais aos bens materiais (papas, novamente aqui) arrastam-se contra a negrura de uma água fervente.
Conduzidos num bote por Flégias, os poetas chegam ao quinto círculo; um lodaçal, repleto de pessoas consumidas pela ira, rodeia o batel; um conhecido de Dante tenta agarrá-lo, sendo enxotado por Virgílio.
Após percorrer o Rio Estige, Dante e Virgílio chegam a Dite, uma cidade dentro do Inferno. Afunilando cada vez mais neste submundo, atravessam os muros dessa cidade e chegam ao sexto círculo, destino dos hereges (contrários a crença cristã. Dante se dispões a ouvir quem ali padece; outros, como Farinata, indagam sobre entes ainda vivos.
Do alto de um despenhadeiro, os viajantes do Inferno identificam o sétimo círculo. No lugar exalava fétido cheiro, vindo do centro abismal. Virgílio explica a Dante a configuração daquele terreno: três círculos subjacentes, cada um destinado a castigos diferentes: violência a Deus, a si próprio (suicídio) e ao próximo. Minotauros, Harpias e um terreno arenoso e ardente, em chamas, são os flagelos, respectivamente. No final do terceiro nível, Dante se depara com muitos condenados oriundos de Florença, sua terra natal.
Transportados por Gerião, criatura alada de face humana, Dante e Virgílio contornam o sétimo círculo; deixados dentro do abismo, de nome Malebolge, notam sua divisão em dez cavidades. Em cada uma a punição alterna, mediante os devidos pecados: na primeira há enganadores e arrumadores de intrigas; na segunda, aduladores; na terceira, ladrões de artefatos religiosos; na quarta, os vates (adivinhos, como Tirésias); na quinta cavidade, são punidos aqueles que praticam corrupção em cargos públicos, além de surrupiadores dos próprios patrões; na sexta parte estão os hipócritas, vestidos em pesadas capas de chumbo, entre eles Caifás, fariseu envolvido na morte de Jesus; na sétima, ladrões são punidos, sofrendo metamorfoses através da picada de serpentes; aqui outros florentinos são identificados por Dante.
No oitavo segmento, Dante encontra Ulisses dentre os maus conselheiros; este conta como morreu, através de um tufão que atingiu sua embarcação.
Na nona cavidade estão pessoas que causaram separações familiares, religiosas e que geraram desordem social. A décima e última parte deste círculo é repleto de falsificadores; dentre os quais alquimistas, os que falsificam moedas e os mentirosos.
Já no centro do abismo, Dante e Virgílio são apoiados por um gigante (Anteu, um dos punidos por Júpiter) para acessá-lo. O círculo final é dividido em quatro, sendo separadas as pessoas conforme o tipo de traição; na Caina, estão traidores da própria família; na Antenora, os traidores da pátria; na Ptolomeia, traidores de amigos; e na Judeca, quem traiu seus protetores.
No centro daquele último reduto de punição, Dante enxerga Lúcifer, criatura horrenda e dotada de três cabeças. De tal forma compondo a aparência sinistra e maculada da besta, pendem, um em cada lado: Bruto, Cássio (assassinos do imperador Julio César) e Judas Iscariotes (o traidor de Jesus Cristo).
Do alto de um despenhadeiro, os viajantes do Inferno identificam o sétimo círculo. No lugar exalava fétido cheiro, vindo do centro abismal. Virgílio explica a Dante a configuração daquele terreno: três círculos subjacentes, cada um destinado a castigos diferentes: violência a Deus, a si próprio (suicídio) e ao próximo. Minotauros, Harpias e um terreno arenoso e ardente, em chamas, são os flagelos, respectivamente. No final do terceiro nível, Dante se depara com muitos condenados oriundos de Florença, sua terra natal.
Transportados por Gerião, criatura alada de face humana, Dante e Virgílio contornam o sétimo círculo; deixados dentro do abismo, de nome Malebolge, notam sua divisão em dez cavidades. Em cada uma a punição alterna, mediante os devidos pecados: na primeira há enganadores e arrumadores de intrigas; na segunda, aduladores; na terceira, ladrões de artefatos religiosos; na quarta, os vates (adivinhos, como Tirésias); na quinta cavidade, são punidos aqueles que praticam corrupção em cargos públicos, além de surrupiadores dos próprios patrões; na sexta parte estão os hipócritas, vestidos em pesadas capas de chumbo, entre eles Caifás, fariseu envolvido na morte de Jesus; na sétima, ladrões são punidos, sofrendo metamorfoses através da picada de serpentes; aqui outros florentinos são identificados por Dante.
No oitavo segmento, Dante encontra Ulisses dentre os maus conselheiros; este conta como morreu, através de um tufão que atingiu sua embarcação.
Na nona cavidade estão pessoas que causaram separações familiares, religiosas e que geraram desordem social. A décima e última parte deste círculo é repleto de falsificadores; dentre os quais alquimistas, os que falsificam moedas e os mentirosos.
Já no centro do abismo, Dante e Virgílio são apoiados por um gigante (Anteu, um dos punidos por Júpiter) para acessá-lo. O círculo final é dividido em quatro, sendo separadas as pessoas conforme o tipo de traição; na Caina, estão traidores da própria família; na Antenora, os traidores da pátria; na Ptolomeia, traidores de amigos; e na Judeca, quem traiu seus protetores.
No centro daquele último reduto de punição, Dante enxerga Lúcifer, criatura horrenda e dotada de três cabeças. De tal forma compondo a aparência sinistra e maculada da besta, pendem, um em cada lado: Bruto, Cássio (assassinos do imperador Julio César) e Judas Iscariotes (o traidor de Jesus Cristo).
Citações
"- 'Oh! Virgílio, tu és aquela fonte
Donde em rio caudal brota a eloquência?'
Falei, curvando vergonhoso a fronte. -
'Ó dos poetas lustre, honra, eminência!
Valham-me o longo estudo, o amor profundo
Com que em teu livro procurei a ciência!
És meu mestre, o modelo sem segundo;
Unicamente és tu que hás-me ensinado;
O belo estilo que honra-me no mundo."
Canto I, versos 79 - 87
"- 'Estão lá dentro dessa flama dira
Diômedes e Ulisses: em castigo
Sócios são, como outrora hão sido em ira.
'Lá dentro geme o pérfido inimigo,
Inventor do cavalo, que foi porta,
Por onde a Roma veio o início antigo;
'Chora-se a fraude, que Deidamia morta,
Ainda exprobra a Aquiles, ressentida;
Pelo Paládio a pena se suporta'."
Canto XXVI, versos 55 - 63
Curiosidades
- O Inferno descrito na Divina Comédia serviu de inspiração para a criação de diversas pinturas de artistas famosos, como as do italiano Sandro Boticelli (acima) e Paul Gustave Doré.
- Em meados de 2013, foi lançado o livro de ficção Inferno, do escritor Dan Brown; tendo como pano de fundo A Divina Comédia, também em 2016 estreou a produção para o cinemas.
Avaliação da obra
Wallace Azambuja
"Este livro possui algo difícil de explicar; posso dizer que sua leitura me fez imaginar a riqueza de conhecimentos e habilidades do Dante Alighieri em imaginar algo tão assustador como o Inferno descrito, ao mesmo tempo em que nos conduz ao lado dos visitantes do submundo. Ademais, sempre ouvi dizer da importância desta obra, e ao lê-la, compreendi a razão disso."
Renan Hoffmann
"É um livro muito confuso, temos que ter uma leitura bem devagar, pois eu me perdi diversas vezes durante minha leitura, além de ser relacionado a inferno, purgatório, céu e tem como base os sete pegados capitais, acredito que quem já tem um conhecimento bíblico, possui um entendimento melhor no seu primeiro contato, mas claro todos são capazes de fazer uma boa leitura. Acredito por ele ser bem dividido e conter muitas informações que são relevantes para o entendimento, pode parecer mais difícil".
Nicole Roza Mello
"É um livro de difícil leitura, mas que conta uma boa história, é preciso muita paciência para lê-lo, pois é fácil se confundir quanto as coisas que estão sendo narradas."
Larissa Parodi
"É uma obra incrível, de uma riqueza imensa de detalhes e informações. Achei muito geniais as referências usadas por Dante. Porém para ser compreendida em toda sua magnitude a obra demanda tempo e atenção para ser lida."
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